sábado, 21 de fevereiro de 2009
Bukaneros - Rayo Vallecano (parte 1)
Os Bukaneros são o grupo de apoio do Rayo Vallecano, de Madrid.
Este é um clube com uma grande tradição antifascista entre os seus adeptos, sendo os Bukaneros a sua vanguarda.
Vallecas é um típico bairro madrileno de subúrbio, e tem vincadas raízes operárias, assim como um historial antifascista nas suas ruas...
Aqui vos deixo uma célebre ocorrência passada num bar deste belo bairro, sacado do site brasileiro Resistência Coral:
http://br.geocities.com/resistenciacoral/barlieja.htm
FUTEBOL E POLÍTICA
A maioria dos antifascistas espanhóis sente um ódio profundo contra o clube de futebol Real Madrid. Há várias razões para a origem de tal repulsa, como, por exemplo, o fato deste clube ter um passado muito ligado ao fascismo e ao ditador Franco. O Real Madrid era o time pelo qual Franco torcia, e durante toda a sua vida não só o ajudou financeiramente, mas também utilizou o aparato estatal, seu poder e influência, para ajudá-lo. Por outro lado, equipes como o Barcelona, Athletic de Bilbao e Rayo Vallecano tornaram-se símbolos da resistência anti-franquista. Estes clubes foram constantemente perseguidos e prejudicados pela ambição de Franco em tornar o Real Madrid o clube símbolo de toda a nação espanhola. No Barcelona, por exemplo, Franco mandou fuzilar um de seus presidentes, exigiu a mudança de seu nome catalão para o castelhano e fechou o seu campo com a justificativa de que a torcida gritava pela independência da Catalunha e vaiava o hino espanhol criado pela ditadura franquista. Não é à toa que o Barcelona sempre foi o maior rival do Real Madrid, e por sua grandiosidade e resistência o técnico Bobby Robson disse certa vez: “A Catalunha é um país e o Barça seu exército!”. Por outro lado, o Real Madrid tornou-se o símbolo de uma Madrid imperialista, fascista e monarca.
Assim, passado 30 anos depois da morte de Franco e do estabelecimento da “democracia” burguesa na Espanha, o ódio dos antifascistas para com o prepotente Real Madrid continua o mesmo, ou ainda pior, já que hoje o Real Madrid trata o futebol como um negócio capitalista, sendo o maior clube-empresa de toda a Espanha, movendo bilhões de dólares na contratação de jogadores. Mas, além disso, o Real Madrid possui uma outra anomalia: uma odiada torcida organizada marcadamente nazista conhecida como “Ultras Sur” (apelidada ironicamente pelos antifascistas como “Ultras Subnormais”). Esta torcida aglutina em suas fileiras uma enorme quantidade de boneheads (nazistas travestidos de “skinheads”).
CRÔNICA ANTIFASCISTA DO QUE SE PASSOU NO ‘BAR LIEJA’
A batalha campal protagonizada pela torcida fascista do Real Madrid (Ultras Sur) começou antes da partida entre Rayo Vallecano e Real Madrid, nas imediações do Estádio Teresa Rivero de Vallecas, em 6 de novembro de 2001. Nesta partida, cerca de 400 Ultras Sur foram conduzidos pela polícia desde a saída da estação do metrô, próxima ao campo do Rayo, até o estádio. No decorrer desse trajeto, mais de meia centena se descontrolaram e começaram a destroçar um bar com lançamentos de garrafas, pedras e paus, causando lesões a várias pessoas, em especial gravidade a um garçom de um bar que foi atingido na cabeça. A polícia, espantada com o ataque surpresa, preferiu proteger-se a tentar parar a agressão. Segundo os integrantes do “Ultras Sur”, eles apenas estavam respondendo aos ataques da torcida organizada do Rayo Vallecano: os Bukaneros (torcida marcadamente antifascista, politizada e de esquerda).
Assim, programou-se uma manifestação antifascista às 22h, logo após a partida. Neste encontro, convocado por ultras de esquerda que nada tinham a ver com o Rayo, decidiu-se pelo enfrentamento direto contra os Ultras Sur. A manifestação foi controlada pelo grupo de Violência no Desporte da polícia nacional. Em represália, os Ultras Sur decidiram organizar um ataque bem-sucedido (pelo menos assim o imaginavam) contra o Bar Lieja, pois sabiam que ali era o reduto de todos os antifascistas, sobretudo punks e skinheads de esquerda, seu principal alvo. Um grupo de Ultras Sur dirigiu-se ao Bar Lieja armados com correntes, porretes e garrafas. Quatro nazis conseguiram entrar violentamente no bar. Mas, para a infelicidade dos nazistas, ocorreu o inesperado: os Ultras Sur tiveram uma triste surpresa, pois foram recebidos com escudos, bastões de beisebol, armas brancas e... uma série de garrafadas! Por incrível que pareça, havia aproximadamente cerca de 12 antifascistas dentro do Bar Lieja, número inferior se comparado com a quantidade de nazistas que havia fora do bar (cogita-se que havia cerca de 50 nazis ao todo). Entretanto, todos eles estavam prontos para o combate e munidos com as armas adequadas.
A batalha foi intensa, os nazis foram expulsos do bar de todas as formas, principalmente na base de garrafadas e tacadas com bastões de beisebol. Muitos nazis caíam desmaiados e ensangüentados no chão do Bar Lieja. Não agüentando a pressão, os nazis saíram do bar, preferiram confrontar-se nas ruas. Houve um enfrentamento de garrafadas por vários minutos na entrada do local. Num dado momento em que as garrafadas cessaram, os nazis começaram a fugir até uma praça vizinha, onde também foram atacados por pessoas que ali se encontravam. Pouco depois, atacados por todos os lados, os nazis voltaram a correr, dirigindo-se a um parque repleto de policiais (que nada fizeram contra os fascistas). No final do conflito, dezenas de nazi-madridistas estavam com as cabeças abertas ao chão, seus feridos foram mais de dezessete, oito membros do grupo “Ultras Sur” acabaram na enfermaria, um deles com furos produzidos por uma arma branca.
Etiquetas:
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