sábado, 17 de outubro de 2015

"Coimbra e o rabejador de motas" (crónica/memórias de um membro Alma Salgueirista).



(sacado do FB da ALMA)

"A época 97/98 estava no seu início e tínhamos pela frente a Académica de Coimbra que estava pela primeira vez na 1ª Liga ao fim de muitos anos no segundo escalão do nosso futebol. Para muitos de nos seria a primeira vez que ia-mos visitar um estádio histórico e de presenciar uma partida ao lado de um dos melhores grupos Ultra nacionais. Recordo-me que fomos uma bela tropa num autocarro ao antigo Calhabé , nome como era conhecido o municipal de Coimbra . Seriamos uns 30 homens mais outros tantos adeptos nesta viagem.
O jogo inicia-se sem nada de especial a realçar e os cânticos saem normalmente ao longo da partida sem grandes atritos com as gentes locais que estavam em numero razoável a compor as bancadas que lhes estavam destinadas.
Esta historia teria ficado esquecida das nossas memórias não fossem os numerosos casos caricatos que se passaram já quase no fim da partida. A Académica apanha-se a ganhar já na segunda parte e de repente começa um saloio mesmo ao nosso lado a presentear-nos com “ olés “. Tesão de mijo pensamos nos, afinal era um jogo de estreia a ganhar daqueles empinados da treta de Coimbra. Mas o homem la continuava com os “olés” tentando empolgar a bancada onde nos estávamos misturados com mais alguns briosos.
- “ É isso que a tua mulher te diz na cama ? “ – soltou um dos nossos para o batanete.
A gargalhada foi geral mesmo do outro lado da contenda.
-“ És homem pra me vir dizer nisso aqui ?” replicou o saloio
Não foi preciso repetir , em dois passos estava o nosso a beira do “ valente “ local que fugiu para a beira da bófia com a cara já bem preenchida. Mais ninguém se mexeu na bancada.
Acaba o jogo , perdemos 2-1 mas não estávamos preocupados com isso , o campeonato era longo . Estamos a arrumar as faixas e reparamos num grupo de 4/5 homens a tentar arrancar uma faixa das mãos de um dos nossos um pouco mais ao lado na bancada .
-“Olha-me estes gajos !!!!!”- ouviu-se no nosso meio .
Foi ver o povo todo a correr naquela direção . Levaram que contar os pobres coitados que se meteram em semelhante alhada , que no meio de tanta correria ainda tiveram tempo para aquecer as costas de tantos “mimos” que levaram. Um Ultra da briosa confidenciou mais tarde que seriam NN locais a fazer semelhante investida. Pra que ?
Este dia não tinha que acabar aqui ,porque a tarde estava quente , os nervos já estavam em franja mas ainda tínhamos de beber umas cervejas para acalmar e refrescar um pouco. Sai toda a gente do estádio para uma praça onde estava o nosso autocarro estacionado . Uns vão largar as faixas na bagageira e comer qualquer coisa, outros espalham-se pela praça numa esplanada que por lá existia , não havia pressa.
Do nada surgem dois heróis numa mota a dar o chamado “ festival” ao povo que esta perto da camioneta . Era piruetas , manguitos , gargalhadas e impropérios tudo ao som irritante da buzina da mota .
Foi tanto o alarido que os nossos que estão na esplanada , ainda algo afastados , apercebem-se e a socapa começam a aproximar-se . Se fosse combinado não teria resultado tão bem , pela frente parte do grupo entretinha os palhacitos de plantão , por trás sem estes verem aproximavam-se alguns bravos para tirar satisfações.
O primeiro a chegar , um dos nossos mais antigos e robustos , a socapa agarra o selim da mota com uma mão e com a outra dá as “ boas vindas “ ao “ zé” que ia como pendura .O “ cumprimento” foi tão bem dado que um bastou para presentear logo os dois labregos de uma só vez , capacete contra capacete (foram prudentes). Algo surpreendidos mas já assustados , o condutor da mota tenta a toda a força sair dali dando gaz . O rabejador não estava pra brincadeiras , no auge dos seus 30 e alguns anos e da sua força finca os pés no chão e levanta a roda traseira da mota no ar !!! Só visto ,digno de um filme . Os desgraçados não tem tempo pra mais nada, cai-lhes tudo em cima pra lhes dar “mimos” e foi ver capacete contra capacete durante uns bons minutos .
Por fim alguém disse :
-“Já chega rapazes, deixem-nos ir “
Sorte a dos desgraçados que não deixaram a mota ir abaixo.
Era hora de voltar a Invicta e o caminho foi feito à gargalhada , uns queixavam-se das mãos que estavam inchadas de tanto “mimo” dar nos capacetes , outros de todas as situações passadas nessa tarde. Todos os anos no aniversário do grupo se conta a historia do rabejador de motas de Coimbra , que dia……
Be@ULTRA "

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